Pode-se observar também que os princípios teóricos em que se baseiam essas técnicas de luta estão sempre identificados com o pensamento filosófico religioso mais tradicional do oriente.
As mesmas tradições que explicam a codificação desse pensamento, apresentando-o como religião, e que registram uma historia cosmogônica e uma transmissão demiúrgica, também justificam e explicam a essência da técnica ensinada nas artes marciais.
A Índia e a China aparecem na Ásia como os dois pontos principais onde frutificaram as filosofias que serviram de base a todas as realizações culturais posteriores naquele continente. Ainda hoje não é possível estabelecer se a fonte dos pensamentos filosóficos hindus e chinês é comum ou se cada uma das duas culturas herdou a mesma verdade por vias diferentes.
É certo no entanto, que ambas falam de um casal primordial surgido do Caos: Prithivi, a Terra, e Dyaus, o Céu; para os hindus é Yin, o feminino, e Yang, o masculino, aparecido quando partiu-se o ovo no qual nasceu Phan-Ku o gigante ancestral chinês.
O filho de Prithivi e Dyaus é Indra, o deus guerreiro – portanto patrono das lutas. Quanto ao confronto Yin e Yang, dele surge o movimento, luta ou dança cósmica. A representação desses movimentos, para instruir os iniciados e garantir a harmonia universal, era feita em festas rituais, encenando-se lutas, competições e danças. Essas representações forneceram os princípios nos quais seriam baseadas as lutas orientais. Ao treiná-las uma das primeiras coisas que o aluno aprenderá através dos adversários traz em si a semente da harmonia. Além de obrigar o praticante a transcender o dualismo, o treinamento de qualquer arte marcial apresenta outras características comuns às suas bases filosófico – religiosas de origens. Entre outras coisas, todas exigem prática repetida, aprendizado com o corpo (e não através de conceitos) e fundamentam a aplicação com êxito de seus “segredos” na única função mais sútil que o homem pode controlar conscientemente, enquanto for ainda um iniciante à respiração.