Na apresentação da nossa associação senti a necessidade de deixar expressar umas pequenas considerações sobre o famoso Kimono, tenho certeza que é de grande relevância para a condução das organizações de um Dōjō, o uniforme de treinamento não é um simples acessório esportivo, devendo portanto ser tratado com todo cuidado.
Fardas militares, uniformes escolares e trajes de empresas, mesmo uniformes de presídios, tem formas para uso. Os militares com suas fardas, devem tê-las, limpas, passadas e com suas respectivas divisas, os coturnos e sapatos sempre estar limpos e engraxados; os uniformes, escolares, de empresas, também seguem seus padrões. Nós, praticantes de artes marciais, salvando-se bem poucos, não sabemos colocar nossas faixas (Obi), nem mesmo o Kimono, aqueles que buscam nas artes marciais uma viagem de autoconhecimento e transformações pessoais e espirituais plenas, necessitam de um mínimo de esclarecimento sobre o KIMONO. Na verdade o nome correto é Karatê-Gi, Judō-Gi, nessas respectivas modalidades. No Japão o termo Kimono é para roupas de banho ou roupas sujas, com a chegada dos emigrantes japoneses, a expressão difundiu-se entre os praticantes de artes marciais, assim como o termo Kung-fu tornou-se notório com a série televisiva dos anos 70, com o ator David Carradine, o termo correto é Wu-shu.
O Karatê-Gi tem suas calças tradicionalmente acima dos tornozelos, para evitar enroscar-se no dedos dos pés, e ficar pisando na barra. Uwagi, blusão ou paletó, com suas mangas acima do punho. Todo Karatê-Gi, devia ser branco, pelo menos foi uma resolução adotada pelo mestre Gichin-Funakoshi ao visitar a Kodokān onde o mestre Gigoro-Kano ministrava aula. Ele ficou maravilhado ao encontrar tanta organização, os seus alunos vestidos com os seus Judō-Gi impecavelmente brancos, mãos postas num mudra, gesto simbólico de oração e meditação.
No conceito do mestre Kano, isso inspirava e podia ajudar o praticante a experimentar o Satorim, um flash de revelação espiritual no mundo das artes marciais.
O mestre Kano estava certo de que só a pureza das vestes, e do corpo e mente poderia assegurar a salvação. A sabedoria de Buda está dentro da mente, embora abafada pelo estrondo da consciência.